Exposição mostra como seria Brasília em projetos de outros arquitetos

Rádio Arquitetura | 23NOV2021
No último dia 16 inaugurou a exposição Outra Brasília Nunca Mais, que reúne os desenhos finalistas que concorreram ao projeto urbanístico da Capital Federal.
Lançado em setembro de 1956, o Concurso Nacional do Plano Piloto da Nova Capital do Brasil, organizado pela Novacap (Companhia Urbanizadora da Nova Capital), recebeu ao todo 26 propostas. Após algumas controvérsias entre a comissão julgadora do concurso, 7 finalistas foram anunciados em março de 1957.
Foi declarado vencedor o projeto do arquiteto e urbanista Lúcio Costa, que no esboço inicial partia de um desenho em cruz como referência para o modelo de adensamento a ser aplicado no Plano Piloto. Posteriormente o traçado foi modificado para se adaptar à topografia da região, com um dos eixos principais assumindo forma curva.
Essa alteração levou a confusões conceituais que perduram até hoje, com muitas pessoas imaginando que Brasília tem o formato de um avião. Colaboram para o equívoco as denominações Asa Norte e Asa Sul, que se referem tão somente à divisão em alas, e a própria expressão Plano Piloto, que não tem relação com piloto de avião, mas sim com um plano inicial.

27 anos depois, em 1987, todo o conjunto arquitetônico da Capital Federal foi reconhecido pela Unesco como Patrimônio Cultural e Natural da Humanidade, por sua arquitetura inovadora e pelas relações entre as quatro escalas urbanas: monumental, residencial, bucólica e gregária.
Em 1997, durante entrevista à jornalista Ana Luiza Nobre, o arquiteto Lúcio Costa declarou: "Foram circunstâncias favoráveis que me deram a oportunidade de realizar Brasília. Outra Brasília, nunca mais!".
Os demais finalistas
O segundo lugar no concurso da Novacap coube à proposta da equipe liderada pelo engenheiro mineiro Boruch Milman, que incluía os arquitetos João Henrique Rocha e Ney Fontes Gonçalves.
A terceira colocação foi dividida entre dois projetos: um do escritório MMM Roberto, dos irmãos cariocas Marcelo, Milton e Maurício Roberto, e outro apresentado pela equipe coordenada pelo arquiteto paulistano Rino Levi.
Já o quinto lugar coube a três propostas diferentes. Uma foi apresentada pela equipe liderada pelo arquiteto curitibano João Vilanova Artigas. Outro projeto foi submetido pela Construtécnica S/A, na pessoa do arquiteto Milton Ghiraldini. O terceiro desenho empatado em quinto lugar foi apresentado pela equipe do arquiteto paulistano Henrique Mindlin.
Todas as 26 propostas introduziam conceitos do Modernismo e reproduziam, em maior ou menor grau, o pensamento do arquiteto franco-suíço Le Corbusier, que defendia a prioridade das questões socioeconômicas em projetos de cidades.

A exposição
Além do premiado projeto de Lúcio Costa, todas as demais 6 propostas – de uma Brasília que jamais existirá – agora podem ser conferidas na exposição que está em cartaz no Salão Negro do Panteão da Pátria e da Liberdade Tancredo Neves, que faz parte do Centro Cultural Três Poderes (CC3P), localizado na famosa Praça dos Três Poderes, na Capital Federal.
A visitação ocorre de terça a sexta, das 9h às 18h, e aos sábados e domingos, das 9h às 17h. A mostra vai até o dia 16 de dezembro e oferece experiência imersiva com uso de realidade aumentada.

Apontando smartphones para totens espalhados pelo local os visitantes podem visualizar as plantas 2D transformadas em 3D, que giram em 360 graus, simulam dia e noite e permitem aplicar zoom em cada detalhe, possibilitando um passeio virtual pelas versões de Brasília que não saíram do papel.
Fotos: Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil
SERVIÇO
O QUE: Outra Brasília Nunca Mais (exposição)
ONDE: Panteão da Pátria, Praça dos Três Poderes, Brasília
QUANDO: 16 de novembro a 16 de dezembro
INFORMAÇÕES: Hotsite da exposição
Marcelo Idiarte
Assessoria de Comunicação
Rádio Arquitetura
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