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NEUROARQUITETURA E MERCADO IMOBILIÁRIO: COMO A EXPERIÊNCIA SENSORIAL INFUENCIA A DECISÃO DE COMPRA.

Foto do escritor: Duda KopperDuda Kopper

Por Duda Kopper (Arquiteta e Urbanista).



Maria Eduarda Alvares Kopper é arquiteta e empresária com 22 anos de experiência no desenvolvimento e execução de projetos arquitetônicos de edifícios residenciais e comerciais. Sua expertise está voltada para o mercado imobiliário, onde formou parcerias com empresas do setor da construção civil. A bio completa encontra-se no final deste artigo.
Maria Eduarda Alvares Kopper é arquiteta e empresária com 22 anos de experiência no desenvolvimento e execução de projetos arquitetônicos de edifícios residenciais e comerciais. Sua expertise está voltada para o mercado imobiliário, onde formou parcerias com empresas do setor da construção civil. A bio completa encontra-se no final deste artigo.

O mercado imobiliário é um setor dinâmico, no qual diferentes áreas do conhecimento se conectam para criar experiências que vão além da simples aquisição de um imóvel. Arquitetura, construção civil, marketing e consumo se entrelaçam nesse cenário, desafiando profissionais a buscarem soluções inovadoras. Uma dessas soluções é a aplicação da neuroarquitetura no processo de venda, trazendo insights valiosos sobre como o ambiente construído impacta as emoções e decisões do comprador.


Em um estudo realizado em Porto Alegre, foi implementada uma intervenção baseada em princípios da neuroarquitetura e do neuromarketing em um Ponto de Vendas (PDV) de um novo empreendimento imobiliário. O objetivo era criar uma experiência diferenciada para os visitantes, destacando os diferenciais do projeto e facilitando a assimilação das informações essenciais para a tomada de decisão.


A jornada de compra de um imóvel pode ser exaustiva. Os clientes visitam inúmeros empreendimentos, avaliam diversas opções e, muitas vezes, acabam sobrecarregados por informações. Esse excesso pode diminuir a atenção e dificultar a percepção dos atributos únicos de cada projeto. A estratégia adotada no estudo buscou reverter essa tendência, criando um ambiente sensorialmente estimulante e envolvente, capaz de gerar impacto emocional e fortalecer a memória do visitante.


A experiência começou antes mesmo do visitante entrar no espaço de vendas. O tapume da obra foi utilizado para transmitir conceitos do empreendimento, despertando curiosidade e preparando o cliente para o que viria a seguir. Na recepção, a atmosfera foi cuidadosamente planejada para criar um ambiente acolhedor, reduzindo a ansiedade e facilitando a conexão emocional com o projeto.


Ao longo do percurso, a comunicação visual e os estímulos sensoriais foram trabalhados para reforçar os diferenciais do imóvel. O trajeto até o apartamento modelo foi projetado como uma narrativa imersiva, onde cada etapa apresentava elementos que reforçavam os valores do empreendimento, como sustentabilidade, bem-estar e sofisticação.


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A ideia era fazer com que o visitante não apenas observasse o apartamento, mas vivenciasse o espaço de forma plena, ativando seus sentidos e criando memórias positivas.

No apartamento decorado, a experiência se aprofundava. A iluminação foi ajustada para criar uma sensação de conforto e aconchego, com temperaturas de cor que imitavam a luz natural. Materiais com texturas agradáveis ao toque e elementos biofílicos, como plantas e acabamentos naturais, reforçavam a conexão com a natureza. Sons sutis, como música ambiente cuidadosamente selecionada, ajudavam a criar um clima relaxante. Para completar, o aroma do café recém passado no espaço gourmet estimulava a sensação de lar.


A ideia era fazer com que o visitante não apenas observasse o apartamento, mas vivenciasse o espaço de forma plena, ativando seus sentidos e criando memórias positivas. Estudos apontam que experiências sensoriais bem planejadas aumentam o engajamento emocional e a retenção de informações, fatores essenciais para influenciar a decisão de compra.


A pesquisa foi realizada em duas etapas: antes e depois da implementação das estratégias de neuroarquitetura. Durante 60 dias, foram coletados relatos de visitantes para estabelecer um parâmetro de comparação. Após a intervenção, os dados revelaram um aumento significativo no nível de atenção dos clientes e na compreensão dos diferenciais do empreendimento. Houve uma melhora expressiva na retenção de informações, com um aumento de três vezes na assimilação das características do imóvel.


Além dos resultados práticos, o estudo reforçou a importância de considerar o contexto e o perfil do público-alvo ao planejar um PDV. O bairro onde o empreendimento está localizado, Mont Serrat, é uma região consolidada de Porto Alegre, conhecida pela infraestrutura completa e pelo estilo de vida urbano sofisticado. O consumidor desse mercado valoriza qualidade construtiva, conforto e diferenciais que agreguem bem-estar. Portanto, a experiência no PDV precisava refletir esses atributos.


A experiência sensorial se mostrou uma ferramenta eficaz para envolver emocionalmente o comprador e criar um vínculo mais forte com o imóvel.

Observações realizadas no entorno do bairro indicaram que os moradores costumam circular a pé e têm um perfil tranquilo e exigente. A presença de empreendimentos concorrentes na região tornou ainda mais essencial a criação de uma experiência única, capaz de diferenciar o produto no mercado. Para isso, foram analisadas as principais características das ofertas existentes e identificadas as vantagens competitivas do projeto.


O empreendimento escolhido para o estudo era um edifício residencial de alto padrão, com unidades de três suítes, áreas de convivência sofisticadas e certificações ambientais que garantiam conforto e sustentabilidade. A concepção do projeto seguia princípios do design biofílico, priorizando ventilação natural, iluminação equilibrada e materiais saudáveis. Esses aspectos foram incorporados à jornada do cliente para que ele percebesse, mesmo que de forma intuitiva, os benefícios do imóvel.


O mercado imobiliário de Porto Alegre passou por um período de forte concorrência após a pandemia, com o lançamento de diversos empreendimentos simultaneamente. Esse cenário exigiu que as incorporadoras adotassem estratégias mais sofisticadas para atrair e converter clientes. A experiência sensorial se mostrou uma ferramenta eficaz para envolver emocionalmente o comprador e criar um vínculo mais forte com o imóvel.


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O estudo também reforçou a importância de estabelecer um equilíbrio entre inovação e autenticidade. O desafio não era apenas criar um espaço atrativo, mas garantir que a experiência fosse relevante e verdadeira, respeitando a identidade do projeto e as expectativas do público-alvo.


Embora a interseção entre neurociência, arquitetura e marketing ainda seja um campo em desenvolvimento, os resultados da pesquisa demonstram que a neuroarquitetura pode desempenhar um papel fundamental na jornada de compra de imóveis. Ao criar ambientes mais humanos e sensoriais, o mercado imobiliário tem a oportunidade de transformar o processo de venda em uma experiência memorável, aumentando o engajamento do cliente e favorecendo decisões mais conscientes.


Dessa forma, a neuroarquitetura se consolida como um recurso valioso para o setor, oferecendo não apenas vantagens comerciais, mas também contribuindo para um modelo de construção mais alinhado ao bem-estar e à qualidade de vida. O desafio agora é ampliar essa abordagem, aprofundando as pesquisas e explorando novas possibilidades para integrar ciência e emoção no ambiente construído.

 

Nossa colunista: Maria Eduarda Alvares Kopper é arquiteta e empresária com 22 anos de experiência no desenvolvimento e execução de projetos arquitetônicos de edifícios residenciais e comerciais. Sua expertise está voltada para o Mercado Imobiliário, onde formou parcerias com empresas do setor da Construção Civil.


Sócia e Fundadora do escritório ADK Arquitetura, dedicado à criação de projetos de edifícios residenciais que se destacam no mercado. Seus projetos priorizam baixos impactos urbanos e ambientais, garantindo bom desempenho em conforto ambiental, eficiência energética e fácil manutenção.


Ao longo da sua carreira, Maria Eduarda adquiriu um amplo conhecimento de todo o ciclo de desenvolvimento de projetos imobiliários. Colabora estreitamente com construtoras e incorporadoras, desde os estudos iniciais até a entrega final das obras.


Seu compromisso com a excelência se estende às suas atividades acadêmicas. É mestre em Teoria, História e Crítica da Arquitetura pela UFRGS e possui formação especializada em Neuroarquitetura pelo IPOG/Brasil, Sustentabilidade em Arquitetura pela Universidade Politécnica de Valência, Conforto e Saúde em Edifícios pela Universidade de Tecnologia de Delft, e certificações em WELL e GBC.

Maria Eduarda mantém constante atualização relativa à legislação e às normas técnicas que regem as atividades relacionadas ao desenvolvimento e execução de projetos, buscando também aprofundar conhecimentos em Arquitetura e áreas afins. Áreas de interesse em pesquisa: Relação Pessoa x Ambiente, Arquitetura Residencial, Sustentabilidade, Saúde e Conforto nas Construções, ESG nas Construções e Mercado Imobiliário, Psicologia Ambiental, Neurociência Aplicada à Arquitetura e Human-Centered Design. Ministra palestras e dá aulas de Pós-graduação na PUC-RS, no IED – Instituto Europeu de Design e na Franklin Covey Education.

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