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ESPAÇOS RESIDENCIAIS: O SIGNIFICADO DE MORAR ATRAVÉS DA EXPERIÊNCIA SENSORIAL E DO TEMPO

Foto do escritor: Miriam RungeMiriam Runge

Por Miriam Runge (Arquiteta e Urbanista)



Miriam Runge é Arquiteta e Urbanista, possui MBA em Neurobusiness, Master em Neuroarquitetura, especialista em Design de Mobiliário e Docência para o Ensino Superior. Leia a bio completa no final deste artigo.
Miriam Runge é Arquiteta e Urbanista, possui MBA em Neurobusiness, Master em Neuroarquitetura, especialista em Design de Mobiliário e Docência para o Ensino Superior. Leia a bio completa no final deste artigo.

Desde que habitava as cavernas, o homem instintivamente se apropriava de seu território criando a noção de propriedade. Ao marcar suas mãos, com tintas feitas à base de sementes ou até com seu próprio sangue, nas rochosas superfícies das cavernas, primitivamente, e da única forma possível naquele momento, informava que aquele local já tinha um morador. Desta mesma forma, quase artística, que demarcava um território, este homem primitivo também marcava nas mesmas superfícies rochosas, seus medos, anseios e sua visão de mundo. Desde sempre então, o local de morar se misturou e uniu-se aos sentimentos e emoções humanas.

Começa então, desde o início, a relação do homem primitivo com o habitar, com o morar um lugar, um espaço percebido como seu: um lar.

Também nasce a partir deste momento a percepção do espaço público e do privado enquanto relação com a sua segurança. A caverna para onde voltar, onde se abrigar das intempéries e dos perigos que enfrentava diariamente. Fora dela, um mundo a ser desbravado e muitas vezes confrontado, cheio de perigos e incertezas. Afastar-se da caverna era entregar-se ao desconhecido. O lar então começa a ter sentido de acolhimento e de proteção.

No local percebido como lar, seja a caverna ou nas posteriores construções em madeira ou pedra, também se desenvolvia a vida diária: a intimidade, a família e os relacionamentos que constituem a base da sociedade.


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Desde montes de pedras, cabanas em palha ou tendas nômades erguidas nos desertos, a palavra lar se desenrola tendo sua origem na mitologia etrusco romana, onde “lares” seriam os deuses familiares protetores do local onde era aceso o fogo para cozinhar e aquecer.

E conforme nos relata a história, o domínio do fogo foi um dos fatores que permitiu ao homem subir alguns degraus na evolução e supremacia em relação aos outros animais e habitantes terrestres.


O fogo, além de servir para afugentar os animais que poderiam representar perigos, iluminava a escuridão e permitia que a visão alcançasse locais antes escuros e sombrios. Este mesmo fogo iluminava o interior das cavernas e permitia o aquecimento dos bandos nos períodos e locais mais frios. O fogo sempre provocou a reunião, pois junto dele estava o alimento a ser aquecido e cozido. E o homem se reunia, ao longo dos anos que se passaram, em volta do alimento e em volta da fogueira. Conforme pontua Pradeep (2012) houve um processo seletivo em algum momento da evolução humana, onde somente aqueles indivíduos com alguma vantagem evolutiva, conseguiram permanecer e se reproduzir.


"Há apenas 70 mil anos, havia somente dois mil casais de seres humanos. Levados à beira da extinção em decorrência das grandes secas que assolaram o Leste da África, durante a época que foi considerada nosso gargalo evolutivo, esses seres humanos se dispersaram por centenas de quilômetros, inovando e se adaptando para sobreviver. No final, seu número tinha aumentado o suficiente para que pequenas tribos isoladas voltassem a se reunir e formassem grupos maiores, coesos e às vezes rivais, marcados por dinamismo, estagnação e equilíbrio. Hoje existem 6,6 bilhões de seres humanos espalhados por todos os cantos da terra (e mais algumas dezenas no espaço)" (PRADEEP, 2012, p. 45).

Então, ao tentar-se desenvolver um entendimento do significado de morar através dos tempos e sua relação com os sentidos, precisa-se antes compreender a evolução humana, e os motivos mais primitivos de sobrevivência, reprodução e criação. Desta necessidade de proteção é que nascem as primeiras formas de habitação como tendas, cabanas ou iglus conforme já citado. E o lar nasce junto, o conceito de interior privado e de exterior público. Os interiores destas casas nascem como parte destas habitações e como espaço onde o homem abrigará não somente sua família mas também os mais variados objetos que tenham para ele algum significado.

 

Ao longo da história das civilizações, o homem foi criando seu estilo próprio de edificar suas casas e demais edifícios ou espaços urbanos como praças de comércio e igrejas. Estes estilos de construção, bem como a forma de ocupação das cidades, eram e ainda são até os dias mais atuais, reflexos de como funcionam estas relações humanas e esta civilização. A forma de construir e morar revela como funciona esta sociedade, tal qual a moda e os costumes que desenvolve.


O fogo é domesticado, ele também evolui junto com as casas e sociedades.

A cozinha passa a ser o centro das reuniões e na mesa o local em volta do qual se discutem os mais variados assuntos.


Posteriormente, a luz elétrica representa outro grande salto na invenção moderna humana, ela modifica os hábitos diários e ilumina as cidades. Os modernos fogões a gás ou até mesmo elétricos já não obrigam o homem a colher lenha no campo para cozinhar seu alimento. Também já não precisa se abrigar ao cair do dia pois a escuridão da noite foi vencida e dominada pela luz criada e controlável. Clique nos logos e saiba mais sobre os nossos parceiros:

A tecnologia invade os lares contemporâneos, porém o homem segue reunindo-se em volta da mesa, da cozinha e do fogo.


E assim, como as antigas lareiras de pedra construídas e utilizadas para aquecer e secar os ambientes outrora úmidos e escuros, a lareira moderna também invade os lares em locais de climas mais frios. O homem moderno traz o fogo, seu companheiro ancestral, para os dias de hoje: com novas tecnologias, porém com o mesmo significado: aquecer, cozinhar, reunir.


A sociedade continua a se reunir em volta do fogo para conversar, comer ou se aquecer e descansar. Desde sempre o fogo fascina e encanta o homem, enriquecendo seus lares como nos relata Pallasmaa (2011, p. 32): "Tendo passado a infância em uma fazenda, posso recordar vividamente

o papel do fogão na estruturação da vida familiar,

determinando os ritmos do dia e definindo os papéis femininos e masculinos.

O fogão era o coração da casa de fazenda." Uma casa não representa necessariamente um lar.

Um lar é onde estão guardados os segredos mais íntimos, é onde se pode descansar e sonhar.

Para muitos o lar é a terra natal, a noção de raiz, de pertencimento, tal qual uma árvore pertence à sua floresta.


Em seu livro, intitulado Nina: desvendando Chernobil, a psicóloga e escritora Ariane Severo desvenda e descreve os conflitos de quem precisa abandonar subitamente o lugar onde mora, seu lar, pelo perigo de uma contaminação eminente (SEVERO, 2017).


"Eu o estimulei a fazer alguns canteiros, mas nada

do que era nosso consegue reconstruir aqui.

Sinto que ele não vai imprimir nenhuma marca nesta casa que não

está impregnada de nossas lembranças e história.

Ele costuma dizer que esta casa está desenraizada.

Mãe, de quanto tempo necessitamos para habitar um lugar?" (SEVERO, 2017, p. 45).


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Com esta citação Severo (2017) descreve a impossibilidade de relação com o novo local e coloca esta intrigante pergunta: De quanto tempo se necessita para habitar um lugar? Dias, meses, anos... qual seria a resposta? Em poucas horas o homem pode sentir-se em casa, mas pode viver também uma vida inteira sem estabelecer nenhuma relação com o espaço que ocupa.

"Eu pensei que estava segura em meu país.

Acreditava que estava segura na minha casa, na propriedade que construímos.

Tínhamos um lugar para chamar de lar que reunia todos os significados de casa e família, de moradia e abrigo. Estabelecemos relações de identidade e pertencimento, associações muito íntimas com o lugar.

Aqui é confortável, mas não me sinto em casa.

Todo o nosso sentido de estar no mundo estava relacionado com aquela vida" (SEVERO, 2017, p. 62).


Morar ou habitar um lugar pode ser entendido como controlar este espaço. Quando o homem primitivo estampava suas mãos na entrada da caverna tinha também o desejo de controlar que ali entraria, e foi o que acabou fazendo, milênios mais tarde com a definição clara de propriedade, de público e privado, da chave que abre uma porta. E além de entender o espaço como uma propriedade onde se conquista a segurança, também existe a percepção de acolhimento, de abrigo e guarda de pertences pessoais.


"Habitar é, ao mesmo tempo, um evento e uma qualidade mental e experimental, um cenário funcional, material e técnico. A noção de lar se extende muito além de sua essência e seus limites físicos. Além dos aspectos práticos de residir, o ato de habitar é também um ato simbólico que, imperceptivelmente, organiza todo o mundo do habitante. Não apenas nossos corpos e necessidades físicas, mas também nossas mentes, memórias, sonhos e desejos devem ser acomodados e habitados. Habitar é parte do nosso próprio ser, de nossa identidade"(PALLASMAA, 2011, p. 8).


Uma casa, enquanto construção arquitetônica é inanimada e vazia, sendo apenas uma construção, um objeto. Somente após um processo de domínio territorial efetuado por seus moradores é que se transforma em um lar. Este processo pode chamar-se decorar. Quando a casa é decorada por seu morador, este se apropria do espaço e se reflete nele como um espelho.

 

E apesar de ser um imóvel, a casa não se apresenta estática. Ela vai se alterar e mudar de acordo com o seu morador, de acordo com sua vida, sua alma, seus sonhos. A casa também será recheada de memórias que se formaram ao longo dos anos, momentos bons ou ruins que foram vividos no espaço e marcarão para sempre seu morador. Seria esta a dimensão de morar? Possuir memórias de momento vividos neste lugar?

"Crescí, saí da cidade natal, mas estou impregnada de crenças e conhecimentos que vivi na casa de meus avós. Quero preservar a percepção particular de tudo que me constituiu. Conheci todo um universo de antes da minha existência no mundo. Nenhum instante da minha vida esteve livre destas experiências" (SEVERO, 2017, p. 106).

O registro e geração destas memórias serão mais intensos quanto mais intensos forem o envolvimento e percepção dos sentidos, quanto maior a integração sensorial maior a chance de geração de experiências memoráveis.


Segundo Pallasmaa (2011) as experiências sensoriais se integram por meio do corpo humano, as pernas medem as distâncias e tamanhos das praças e as mãos tocam e sentem desde maçanetas até as texturas de paredes as mais distintas. Clique nos logos e saiba mais sobre os nossos parceiros:



"Eu me experimento na cidade; a cidade existe por meio de minha experiência corporal. A cidade e meu corpo se complementam e se definem. Eu moro na cidade e a cidade mora em mim" (PALLASMAA, 2011 p. 38).

A arquitetura é considerada uma arte visual em sua maioria. O primeiro contato com um local ou com uma casa é um contato visual. Mas, não apenas visuais ou espaciais, as memórias podem ser auditivas e olfativas como descreve Pradeep (2012) ao citar Marcel Proust descrevendo uma de suas memórias:


"Assim que o líquido quente misturado aos farelos tocou o céu da minha boca estremeci e parei, atento ao que estava acontecendo de extraordinário em mim...E, de repente, veio a lembrança. Aquele era o gosto do pedaço de madeleine que, nas manhãs de domingo em Combray...tia Léoni costumava me dar, depois de mergulhá-lo em sua própria xícara de chá. A simples visão do pedacinho de madeleine não havia trazido nada á minha mente até que eu o provasse" (PROUST apud PRADEEP, 2012, p. 67).



E ainda, segundo Pradeep (2012) enquanto 60% do cérebro humano é dedicado ao processamento da visão, 1% deste mesmo processamento cerebral é dedicado ao olfato que enquanto sentido, possui um caminho direto para o cérebro, sentido este, que nunca é desligado, e que funciona cada vez que respiramos.

 

"Cada vez que se sente um cheiro familiar ou evocativo, o primeiro contato com este cheiro é resgatado nas conexões e memória cerebral. Registros e contatos com cheiros, normalmente ocorrem entre os 5 e 10 anos de idade quando o ser humano ainda criança sente e identifica muitos cheiros pela primeira vez. Nesta idade ocorre um pico de capacidade olfativa e o homem é capaz de identificá-los e registrá-los em sua memória. Estes registros olfativos são “armazenados” na sede da emoção cerebral, o sistema límbico e estimulam as recordações vividas" (PRADEEP, 2012). "Toda vez que meu amigo entra em um celeiro, é imediatamente transportado à sua infância, quando brincava no celeiro da avó, com o cheiro tépido de terra, feno e cavalos, o zumbido dos insetos e a promessa de limonada"(PRADEEP, 2012, p. 63).


O olfato foi então, essencial à sobrevivência do homem ao longo de sua vida e evolução, usado não apenas para encontrar comida ou reconhecer um animal que se aproximava, o olfato também era essencial para reconhecer um parceiro sexual sadio e identificar sua prole no escuro.

 

O homem faz conexões, profundas, imediatas e emocionais com os cheiros que sente. Portanto, ao chegar em casa a sente como sua, reconhecendo o cheiro de lar. Ou quando retorna à sua cidade após muito tempo ausente, reconhece um aroma característico que o faz sentir-se em casa.

O olfato é o sentido que possui ligação mais direta com a nossa memória:

segundo estudiosos, a lembrança mais persistente de um espaço é o seu cheiro.

Através dos odores sentidos pelo sistema paladar-olfato, um lugar neutro pode ganhar vida, enfatizando determinados estados mentais ou facilitando a lembrança de boas memórias" (NEVES, 2017, p. 52).


Portanto é o viver o espaço, as percepções processadas pelo cérebro através dos sentidos e as reações a estas percepções que transformam o morar e o habitar em um local onde constrói-se a condição de lar enquanto espaço pra se viver e construir memórias.

 

O ato de abrir a porta e não a porta em si, o ato de olhar pela janela e não a própria janela, é que compõem a definição de lar. O lar é composto por verbos, aproximar, reunir, viver, lembrar, ser... o impacto emocional e relacional do homem com sua casa ou o local onde habita, está relacionado aos atos que pratica e não ao lugar em si. E toda esta gama de ações constrói um sem-número de emoções que fazem com que este homem estabeleça com um lugar específico, a casa, o lar, um relacionamento quase humano, como se esta casa fosse parte da família e não apenas o espaço onde habita.

"A experiência do lar inclui uma gama incrível de dimensões mentais unificadas, desde aquelas relacionadas á identidade nacional de ser membro de uma cultura específica, até as dimensões que envolvem os desejos e medos inconscientes. Não é surpresa que os sociólogos tenham descoberto que a tristeza sentida por um lar perdido é semelhante ao luto pela morte de um familiar" (PALLASMAA, 2017, p. 23).


A casa onde se mora contém muito mais do que móveis, cômodos e pertences. Contém energia, recordações, memórias e também um pessoal e próprio mundo individual.

 

A primeira noção de lar está normalmente relacionada com a infância, com a língua materna, com uma ligação forte a um lugar, a uma cidade ou país.

 

Para uma criança, a percepção de lar começa na percepção de segurança, na casa dos pais, em seu território infantil. Frequentemente crianças carregam junto a si o seu pequeno travesseiro ou alguma mascote de pelúcia: nada mais é do que transportar o seu lar junto em qualquer local que esteja, para que possa sentir-se segura, carregando junto a si a sua parte no mundo. Clique nos logos e saiba mais sobre os nossos parceiros:


Marca-se o local onde habita-se tal qual esta criança, e pode ser uma experiência frustrante habitar um local onde não se possa imprimir a marca pessoal. Como exemplo, ao hospedar-se em um quarto de hotel, rapidamente são espalhados os pertences pessoais e é feita uma apropriação deste espaço acomodando todo o tipo de objetos pessoais demarcando o território.

"Nós temos personalidades privadas e sociais, e o lar é o âmbito das primeiras, a persona privada. O lar é onde guardamos nossos segredos e expressamos nosso eu privado. É nosso lugar seguro para descansar e sonhar"(PALLASMAA, 2017, p. 26).

Em seu livro intitulado Terapia do Apartamento, o designer americano Maxwell Ryan coloca que, ao entrar em um ambiente considerado como casa, ou lar, tudo o que existe ali afetará seu morador. Absorve-se tudo o que está ao redor, tal qual uma esponja absorve a água. Ryan (2007) nos coloca que ao entrar em um espaço pode-se prestar atenção a um determinado objeto ou cor, mas o espaço é percebido como um todo.

"O que você toca e sente, assim como o que vê, invade você e o afeta. Em resultado, um ambiente pode fazê-lo se sentir distraído e pouco à vontade ou então confortável e bem-vindo. Um ambiente pode inspirar ou confundir. Pode fazê-lo sentir pequeno ou grande. Os ambientes têm um grande poder" (RYAN, 2007, p. 14).

Os lares evoluíram, se modernizaram com os eletrodomésticos e as facilidades que a tecnologia proporciona atualmente. Comandos de voz abrem e fecham modernas cortinas onde o tecido é capaz de filtrar a luz (nociva) do sol. Eletrodomésticos de última geração preparam o pão que estará quentinho e assado no mesmo horário marcado em que a irrigação no jardim será acionada.

 

Maçanetas não mais existem para o contato com as mãos ao entrar e sair, tampouco as antigas e ultrapassadas chaves, mas sim portas e portões que se abrem com leituras biométricas das digitais ou da íris de seu morador.

 

Modernas e interativas televisões se espalham por todos os cômodos, ligam e desligam ao comando da voz, trocam de programação, procuram sozinhas aquele filme preferido ou sugerem um programa de acordo com a preferência do morador.

 

A vida acontece em multitelas desde a televisão, o celular, as redes sociais e isso faz com que a lareira, a mesa e os antigos espaços de união da família e sua cultura milenar de reunião em volta do fogo não aconteçam mais.

 

A casa virou uma máquina de morar contemporânea conforme citava o grande arquiteto modernista Le Corbusier em seu livro intitulado Por uma arquitetura (publicado em 1923), onde descreve a modernidade transformando os lares e a casa sendo apenas uma máquina de morar, assim como o avião seria a máquina de voar e o automóvel a máquina para locomover-se. A tecnologia e a capacidade infinita de criação humana aliada ao seu desejo de conforto transformam o morar e transformando o morar transformam todos os costumes e valores da sociedade. (CORBUSIER, 2011).

 

Cada vez mais o privado torna-se privado para garantir a segurança percebida como objeto de luxo nas grandes cidades e o espaço público já não é mais um espaço atrativo por si só. Precisa atrativos artificiais, ruas e praças recriadas com climatização controlada onde são oferecidos todo o tipo de serviços: a casa perde atrativos se comparada aos grandes shoppings centers.

O tempo de se habitar um lugar é o tempo de criar raízes, criar lembranças, viver experiências suficientes para se criar memórias. Relacionar-se com este lugar a ponto de reconhecer seu cheiro e seus sons, o que pode ser uma vida inteira ou apenas alguns dias. Não existe uma regra clara e precisa quando procura-se descobrir o tempo de se habitar um lugar.

 

“Tirou os chinelos, sentiu a areia, admirou o mar, abriu um sorriso e se sentiu em casa”

(MAGALHÃES, 2018). * Fragmentos do artigo escrito para o webinário VIVER, MORAR e REZAR na CIDADE -realizado pela UNAMA-Belém do Pará e disponível em https://stricto.unama.br/pt-br/documentos/e-book-i-webnario-viver-morar-e-rezar-na-cidade-1

Referências:

CORBUSIER, Le. Por uma arquitetura. Tradução: Ubirajara Rebouças. 6. ed. São Paulo: Perspectiva, 2011.

MAGALHÃES, Rafael. Melhor sensação. Guarajúba,BA, 10 out. 2018. Instagram: @precisavaescrever. Disponível em: https://www.instagram.com/p/BowFugoFYWi/. Acesso em: 20 set. 2020.

NEVES, Juliana Duarte. Arquitetura sensorial: a arte de projetar para todos os sentidos. Rio de Janeiro: Mauad X ,2017.

PALLASMAA, Juhani. Habitar. Tradução técnica: Alexandre Salvaterra. São Paulo: Gustavo Gilli, 2017.

PALLASMAA, Juhani. Os olhos da pele: a arquitetura e os sentidos. Tradução técnica: Alexandre Salvaterra. Porto Alegre: Bookman, 2011.

PRADEEP, A. K. O cérebro consumista: conheça os segredos mais bem guardados para vender para a mente subconsciente. Tradução Mirtes Frange de Oliveira Pinheiro, Sandra Luzia Couto. São Paulo: Cultrix, 2012.

RYAN, Maxwell Gillingham. Terapia do apartamento. Tradução de Denise Rocha C. Delela. São Paulo: Pensamento, 2007.

SEVERO, Ariane. Nina: desvendando Chernobil. Porto Alegre: AGE, 2017.

 

 

Nossa colunista: Miriam Runge Arquiteta e Urbanista, possui MBA em Neurobusiness, Master em Neuroarquitetura, é especialista em Design de Mobiliário e Docência para o Ensino Superior. Criadora e ministrante do Método Sensory e do método DESVENDARQ que une Neuroarquitetura e Gestão Estratégica para a aplicação em escritórios. Membro do comitê de Arquitetura da NeuroBusiness Society Brasil.


Docente convidada em pós-graduação onde ministra aulas sobre Neurociência na arquitetura (PUC), Neuromarketing e Neurobusiness, Materiais e Revestimentos e Gestão de Escritórios (IPOG) entre outras instituições.


 Criadora e ministrante do 1º curso de Gestão e Planejamento do Escritório de Arquitetura no RS.


Desde 1998 comanda a MRUNGE ARQUITETURA com 10 participações em Casa Cor RS sendo premiada diversas vezes. Possui trabalhos publicados em várias edições do livro ELITE DESIGN e no anuário da AAI-RS, bem como em diversas revistas de abrangência nacional. Sua atuação envolve a arquitetura residencial, comercial, para a saúde e arquitetura temática ligada aos parques da região da serra gaúcha onde atua com a aplicação de recursos da Neuroarquitetura.

Possui clientes em diversos estados como São Paulo, Santa Catarina, Bahia, Goiás Paraná e Pernambuco.


Pesquisadora na área de neurociência aplicada à arquitetura através do uso de aparelhos de medição de estímulos corporais como eye tracker e BITalino, é apaixonada por tecnologia e inovação em projetos com foco em resultados além da estética, acreditando que a Neuroarquitetura pode contribuir para a construção de um mundo melhor para todos.

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