A ECONOMIA DO BEM-ESTAR NA ARQUITETURA DO MERCADO IMOBILIÁRIO.
- Duda Kopper
- 7 de abr.
- 5 min de leitura
Por Duda Kopper (Arquiteta e Urbanista).

Em um mundo onde nossas casas transcendem os limites físicos e se tornam refúgios emocionais, a busca pelo bem-estar no ambiente residencial tornou-se uma jornada essencial. Imagine entrar em um lar onde cada detalhe é meticulosamente planejado para nutrir não apenas o corpo, mas também a alma. Projetos arquitetônicos que abraçam a psicologia ambiental, a neurociência, o design biofílico e o salutogênico não são apenas estruturas; são narrativas de cuidado e conexão, traduzindo-se em espaços que respiram vida e acolhimento.
Vamos explorar como essa fusão de ciência e sensibilidade está moldando uma forte tendência no Mercado Imobiliário, transformando edifícios residenciais em lares que ecoam o bem-estar. Construindo sobre diretrizes de medição e referências da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) e da ONU (Organização das Nações Unidas), o Instituto de Pesquisa sobre a Felicidade combina métodos qualitativos e quantitativos para oferecer insights sobre o nível de bem-estar, felicidade e qualidade de vida.
Ao medir a felicidade, bem-estar ou qualidade de vida, enfrentamos desafios, pois são conceitos complexos. Portanto, é necessário analisar diferentes componentes. Cada indicador fornece informações sobre o estado da economia. Da mesma forma, ao medir a qualidade de vida, podemos examinar diferentes dimensões, como a cognitiva, afetiva e eudaimônica.
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Sabemos que não existe ambiente neutro. Todo espaço impacta os indivíduos de forma positiva ou negativa, com maior ou menor intensidade (...)
A dimensão cognitiva concentra-se na satisfação geral com a vida e é o indicador que serve de base para muitos rankings internacionais, como o World Happiness Report. Já a dimensão afetiva volta-se para o tipo de emoções – tanto positivas quanto negativas – que as pessoas experimentam diariamente, como alegria, preocupação e estresse. A dimensão eudaimônica baseia-se na percepção aristotélica sobre a boa vida e, portanto, destaca propósito e significado.
Ao focar nos fatores determinantes de bem-estar, podemos orientar mudanças nos espaços construídos para aumentar a qualidade de vida das pessoas, especialmente em suas residências. A complexidade dos níveis de felicidade envolve fatores como relações sociais, propósito de vida, genética, idade, emprego, renda, saúde e comportamento. Três categorias – biologia, políticas e comportamento – influenciam a felicidade, e duas delas podem ser diretamente afetadas pela arquitetura: a saúde e o comportamento.
Sabemos que não existe ambiente neutro. Todo espaço impacta os indivíduos de forma positiva ou negativa, com maior ou menor intensidade, pois nossos sentidos estão sempre ativos. Toda experiência com a arquitetura é multissensorial e gera emoções – processos biológicos iniciados pela captação de um estímulo por um ou mais de nossos sentidos, passando pelo sistema nervoso até chegarem às regiões subcorticais para interpretação e categorização.
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A arquitetura sempre esteve atenta à imensa complexidade de assuntos que envolvem seu exercício – integrando informações sobre natureza, tecnologia construtiva, comportamento, cultura e saúde. Contudo, toda discussão sobre sua correlação com outras ciências e seus potenciais usos ainda tem muito espaço para crescer.
O Mercado Imobiliário integra uma série de áreas como arquitetura, construção civil, marketing e consumo. A integração entre esses conhecimentos e entre seus atores apresenta um desafio, mas também um grande potencial para os profissionais que se aventuram fora de seus meios convencionais. A neurociência, por exemplo, tem
fomentado convergências entre diversas áreas e, com isso, contribuído para a compreensão do comportamento humano.
Os compradores no mercado imobiliário de bem-estar estão priorizando cada vez mais fatores como qualidade do ar interno, luz natural e espaços verdes.
A jornada pela busca de um imóvel residencial que satisfaça as necessidades do cliente e que se ajuste ao seu orçamento é frequentemente marcada por uma cansativa sequência de visitas a inúmeros empreendimentos ofertados no mercado. A fadiga gerada por essa busca acaba desviando o foco atencional do interessado, que muitas vezes não assimila os diferenciais do produto apresentado. Proporcionar uma experiência consistente e diferenciada, que surpreenda positivamente o visitante e o ajude a compreender as vantagens do imóvel, torna-se um desafio.
O "mercado imobiliário de bem-estar" representa uma mudança de paradigma na forma como vemos e projetamos espaços de vida. Este mercado em ascensão é caracterizado por um foco no bem-estar holístico, enfatizando a saúde e a felicidade como componentes integrais da experiência de morar.
Nesses imóveis centrados no bem-estar, o design vai além da estética, incorporando elementos que promovem o bem-estar físico, mental e emocional. De instalações de fitness e amenidades de spa a design biofílico e recursos sustentáveis, essas residências buscam criar ambientes que nutram um estilo de vida equilibrado e saudável.
Os compradores no mercado imobiliário de bem-estar estão priorizando cada vez mais fatores como qualidade do ar interno, luz natural e espaços verdes. Além das técnicas de arquitetura passiva, os desenvolvedores estão integrando tecnologias inovadoras, como sistemas residenciais inteligentes e purificação do ar, para aprimorar o índice geral de bem-estar das propriedades.
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O conceito se estende além de residências individuais para englobar comunidades inteiras projetadas para apoiar o bem-estar dos residentes. Bairros caminháveis, jardins comunitários e eventos focados no bem-estar contribuem para fomentar um senso de comunidade e conexão.
À medida que a demanda por espaços de vida mais saudáveis aumenta, é provável que o mercado imobiliário de bem-estar continue evoluindo, moldando o futuro de como concebemos e vivenciamos nossas casas e comunidades. Não se trata apenas de imóveis; trata-se de investir em um estilo de vida que coloca a saúde, o conforto e o bem-estar no centro de tudo.
O conceito amplo da Economia do Bem-Estar destaca-se por orientar a economia a serviço das pessoas e comunidades, impulsionando uma atividade econômica positiva e sustentável. Priorizando as necessidades fundamentais voltadas ao bem comum, à preservação da natureza e à garantia de identidade, conforto e segurança.
Na arquitetura para o mercado imobiliário residencial, essa abordagem se traduz na crescente procura por espaços centrados na promoção da saúde e do bem-estar, reconectando as pessoas com a natureza. São espaços que funcionam como verdadeiros catalisadores na busca humana por qualidade de vida e equilíbrio emocional.
Nossa colunista: Maria Eduarda Alvares Kopper é arquiteta e empresária com 22 anos de experiência no desenvolvimento e execução de projetos arquitetônicos de edifícios residenciais e comerciais. Sua expertise está voltada para o Mercado Imobiliário, onde formou parcerias com empresas do setor da Construção Civil.
Sócia e Fundadora do escritório ADK Arquitetura, dedicado à criação de projetos de edifícios residenciais que se destacam no mercado. Seus projetos priorizam baixos impactos urbanos e ambientais, garantindo bom desempenho em conforto ambiental, eficiência energética e fácil manutenção.
Ao longo da sua carreira, Maria Eduarda adquiriu um amplo conhecimento de todo o ciclo de desenvolvimento de projetos imobiliários. Colabora estreitamente com construtoras e incorporadoras, desde os estudos iniciais até a entrega final das obras.
Seu compromisso com a excelência se estende às suas atividades acadêmicas. É mestre em Teoria, História e Crítica da Arquitetura pela UFRGS e possui formação especializada em Neuroarquitetura pelo IPOG/Brasil, Sustentabilidade em Arquitetura pela Universidade Politécnica de Valência, Conforto e Saúde em Edifícios pela Universidade de Tecnologia de Delft, e certificações em WELL e GBC.
Maria Eduarda mantém constante atualização relativa à legislação e às normas técnicas que regem as atividades relacionadas ao desenvolvimento e execução de projetos, buscando também aprofundar conhecimentos em Arquitetura e áreas afins. Áreas de interesse em pesquisa: Relação Pessoa x Ambiente, Arquitetura Residencial, Sustentabilidade, Saúde e Conforto nas Construções, ESG nas Construções e Mercado Imobiliário, Psicologia Ambiental, Neurociência Aplicada à Arquitetura e Human-Centered Design. Ministra palestras e dá aulas de Pós-graduação na PUC-RS, no IED – Instituto Europeu de Design e na Franklin Covey Education.
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